segunda-feira, 16 de julho de 2007

















O meu amor não cabe num poema
...

O meu amor é maior que as palavras

O meu amor não se deixa dizer
― é um formigueiro
que acode aos lábios com a urgência de um beijo
...

O meu amor anda por dentro do silêncio a formular loucuras
com a nudez do teu nome.

Maria do Rosário Pedreira

sexta-feira, 18 de maio de 2007

























Esta noite o vento ceifa os bosques e
uma raiva sacode a terra.
Se a voz do mar chamasse pelas velas,
os estreitos aguardariam um naufrágio.
E se dissesses o meu nome eu morreria de amor.

Devo, por isso, afastar-me de ti –
nãopor ter medo de morrer
(que é de já nãoo ter que tenho medo),
mas porque a chuva que devora as esquinas é a única canção
que se ouve esta noite sobre o teu silêncio.


Maria do Rosário Pedreira

sábado, 12 de maio de 2007
























Tatuaste o rumo da tua vida no corpo
e seguiste-o sem hesitações...
...e de todos os lugares por onde passaste trouxeste amores pintados a ouro.
Nada esqueceste,...
Na pele resta-te apenas espaço para a inscrição da tua morte
Um sorriso pleno de sabedoria e paz,
troféu de tantas batalhas,
vencedor numas, vencido noutras,
mas sempre, sempre guerreiro.

Ana Carvalho

quarta-feira, 9 de maio de 2007
















minha boca
é pouca
pro desejo
que anda à solta.

Martha Medeiros

terça-feira, 24 de abril de 2007





Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E, nesse beijo, Amor, que eu não te dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

...........

Beija-me as mãos, Amor, devagarinho

...

Que fantasia louca
guardar assim fechados nestas mãos
os beijos que sonhei para a minha boca!




Florbela Espanca

quinta-feira, 12 de abril de 2007

















eu navego
em ti
o desejo insano
que persegue
anos a fio.

nas águas perigosas
do teu cio
eu me deixaria afogar
de vez.


A. Bacca


...

quarta-feira, 4 de abril de 2007




















Apenas um desejo me consome

Um desejo imenso

que me tomes nos teus braços

e me arrastes para um canto

onde o vermelho da paixão se confunda com os contornos do meu rosto.

Arrasta-me até onde o sol se põe

e descobre no cume do meu ventre

todas as delícias que um dia

eu guardei só para ti.


Gabriela Moura

...

segunda-feira, 19 de março de 2007

Bainha Aberta

...





Crava em meu corpo essa espada crua.


Quero o ardor e o êxtase da luta


em que me rendo voluntária e nua.


Meu temor é a paz pós-união:


desenlace derrota solidão.




Astrid Cabral

quinta-feira, 8 de março de 2007

...


... Se ouço falar de ti, comove-me o teu nome
... (e) o corpo é uma fogueira
–estalam-me brasas no peito, desvairadas,
e respiro com a violência de um incêndio;
mas parto
antes de saber como seria...


Maria do Rosário Pedreira
...
...

























....é por coisas lindas como essa que eu queria ser o mar

que me desse a certeza de um amor a quem amar
...
...nem que fosse de mansinho
...
devagar... devagarinho...
...
sentindo o teu corpo vogar
...
sobre o meu leve ondular...
...

quim

...


quarta-feira, 7 de março de 2007

...
























Olho nos teus olhos profundos e quentes, insinuantes,
O meu olhar não consegue evitar fugir para a tua boca
Carmim, cor de romã, saborosa, suculenta
Profunda desejosa, impiedosa mas tão doce!
Não consigo deixar de a desejar, esses lábios...
Ardentes, chamando por mim, avidamente mergulho...
Colado à tua boca a minha desordem,
o meu querer desaparece,
Sou de ti escravo, o incompreensível se faz ordem!
Colado à tua boca, sôfrega, descomedida
Como se fosse morrer a ela colado,
Como se fosse nela nascer e tu fosses o dia
Sorvo-te trepidante até à luz do amanhecer!
Passeio meus dedos em teus lisos e sedosos cabelos,
Deles faço água de cascata, encantando a minha fantasia,
Procuro teus olhos semicerrados, sinto tua respiração ofegante
A ternura da tua cabeça no abrigo do meu peito!
...
Toco de novo teus lábios carmim em fogo,
Roço tua língua morna e húmida, contorcendo-se qual serpente,
Salivas doces somam-se, misturam-se...
...
Sentimos em nosso peito arder esta chama indiscritível,
No ventre, arde feito calda, algo de bom que nos descontrola
E nos damos por inteiro numa esgrima de bocas e línguas!
Tua boca qual uva rubra roçando meus lábios,
Tornando-nos em húmidos murmúrios, mergulhamos no poço,
O poço dos desejos onde nos queremos fundir, e invadimos !
Tua língua é a minha, não sei, meu respirar o teu, eu quero!
Nesta seiva cósmica de línguas purpuras, és pólen , és néctar
És a essência de um turbilhão de emoções, ganhas vida...
Tens aroma, viras fruto, doce.. sensual e a mim te ofereces,
E então eu provo-te...
Procurando esse açúcar em contacto com a tua pele, divina!
Provo-o, pouco a pouco, molho nele a ponta de meus dedos,
Passo em ti e retorno seu sabor em teus lábios!
Ficas trémula, indefesa, esperando a reacção, que virá...
Quente, audaciosa, calma ... desejosa... inquieta ... que importa?
És um poço de desejos ávida de mim, e mergulho...
Nesse rio que corre entre as tuas virilhas, saciar nossa sede...
Beijo os teu pelos, sacio-me, minha língua entre as tuas coxas,
Sinto teu sabor a licor...
Docemente molhado de teu e meu amor, de cada vez sabor diferente...
Deixo-me gozar o teu cheiro excitante e quente!
Impregno teu corpo com meu suor,
fazendo rolar gotas de água salgada,
Na tua pele nua, tal qual restos de chuva em nenúfar
Ou como um cristal brilhante de puro açúcar, sobre um pedaço de fruta crua!
Qual batalha de beijos contundentes,
avalanche de marcas de dentes, sangue com carmim!



Francisco


...

Abnegação

...

























Quereria fazer-te um poema

Com amor, ternura e alvoroço

Com a tinta, suor e sangue do meu corpo

Nas páginas em branco mais recônditas do teu,

Com abnegação...

Pedir-mo-ás algum dia?

Este poema esboçado

Por um coração contristado

Numa tarde cálida, nostálgica do meu outono...

Quereria fazer de tio derradeiro poema do meu crepúsculo;

Ah! Se mo pedisses...Quereria tanto!


Sérgio
...

Imersão

...






















No teu perfil mágico
leio o futuro que cintilana ponta do teu nariz
no marfim dos teus dentes
lindamente desalinhados
nos teus curtos cabelos prateados
A violência doce repousa
entre as nossas pernasas nossas penas
para sempre redimidas
O calor ondula
o cárcere ao abandonaro teu corpo
Agora e sempre
o meu voga
ao sabor desta ondulação
nesta eterna noite
de lua cheia
neste banho de
paz irrequieta
mergulhada na esperança
por uma vez vã
por uma vez felicidade concretizada
Cola-se-me a língua ao céu
o palato é um convés
inundado de leite
A comoção arrasta-me
pelas ancas
enquanto nem acredito que estás em mim
Com a voz embargada calo
aquilo que os meus olhos não cessam de dizer.

Catarina Pereira

...
...























Vem cá!
Assim, verticalmente!
Achega-te...docemente...

Vou olhar-te...

e, no teu olhar, colher promessas do que quero prometer
até à sincope do amor na alma!
Colemos as mãos, palma a palma!
A minha boca na tua, sem beijo...

Desejo-te, até o desejo se queixar que dói.

E sou tua, como nenhuma foi!


Leonor de Almeida
...

...


















Misturar nos teus os meus desejos

como a saliva em todos os beijos

doce, como a romã translúcida

que acorda a sombra desta manhã

em que te encontro.

...

Pedro Macela

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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Durante o Sono

...



















... despojemo-nos dos corpos e vista-mo-nos das recém chegadas estrelas...

(brilhas assim só para mim...)



Ana